Como a viagem “Subindo o Kilimanjaro” começou
Em meados de 2011 um colega me ligou no meio da tarde, no escritório. Ele trabalhou comigo em projetos de consultoria no passado, e ele e a esposa costumam viajar pelo mundo subindo montanhas. Na verdade a esposa é que é a alpinista do casal, ele acompanha e dá apoio logístico, indo ao topo muitas vezes. Eles haviam ouvido falar que eu subi o monte Rainier nos EUA no ano anterior, e queriam saber se eu queria acompanhá-los ao Kilimanjaro, na Tanzânia, em 2012.
No momento, eu fiquei mais apreensivo pela viagem ser no interior da Tanzânia do que pela montanha em si! Veja bem: 50% do pais é cristão e 50% muçulmano, a cidade grande mais próxima é Nairóbi, absolutamente ninguém fala inglês (e eu não falo kiswahili…), imagina ter um problema médico e ser evacuado para um hospital no Quênia (o país vizinho que contém uma infraestrutura muito mais avançada do que a Tanzânia rural) – enfim, todas as coisas que podem dar errado em uma viagem à um canto remoto do planeta. Então, logicamente, eu disse SIM!
Jambo Bwana!

A Tanzania é um país pacato, com belezas naturais e um povo muito amigável.
Qual empresa contratei para essa aventura…
A empresa que organiza a logística toda se chama Berg Adventures International, baseada em Calgary (província de Alberta no Canadá) e operada pelo Wally Berg que é uma lenda viva do alpinismo, tendo conquistado o Everest várias vezes e escalado em todos os continentes – incluindo o monte Vinson na Antártica.
Por sinal, o Wally é casado com uma brasileira, a Leila Silveira, que depois descobri que morou a duas quadras de nós no Rio – pois é, REALLY??? A Leila nos encontraria em Arusha, nossa base na África, e de lá nos separaríamos – nós para a montanha e ela ia dirigir sozinha pela savana em busca de outros pontos de interesse para a empresa levar clientes no futuro.
Nossos guias eram todos locais, e o guia chefe falava Inglês perfeito, além de ser certificado em segurança e resgate, e ser uma enciclopédia ambulante em termos de geologia, fauna e flora.

Acampando no deserto de altitude, a poeira misturada com cinzas vulcânicas fazem parte da experiência!

Atravessando o Shira Plateau
“Habari yako?” (Como vai?) “Nzuri, sana!” (Bem, obrigado!)

Lobelias gigantes – as folhas ao invés de caírem quando mortas se unem ao tronco, ajudando a árvore à crescer.

Karanga valley – “Twende sasa!” (Let’s go now!)
Sobre a montanha…
O “Kili” é a montanha mais alta do continente africano, com 5.895 metros de altitude, e a maior montanha “livre” do mundo (ou seja, ele não faz parte de nenhuma cadeia como os Andes ou o Himalaia, dominando sozinho toda paisagem ao seu redor). Seu cume é formado pela cratera de um vulcão antigo – Kibo – no meio da savana e cercado por desertos de altitude. Nossa meta era alcançar o pico Uhuru – “liberdade” em kiswahili, e adentrar a cratera vulcânica coberta por geleiras para acampar lá por uma noite, retornando no dia seguinte.
O caminho ao topo da África é fascinante – você deixa a vila de Arusha e começa a trilhar em florestas equatoriais que lembram muito o Brasil, mas logo alcança campos de altitude e tudo muda. Ao longo dos dias a floresta vira savana, e a savana vira deserto. Existem várias rotas para alcançar o cume, e nós escolhemos a rota Lemosho por ser a mais longa, levando até 9 dias de subida. Isso é importante porque quando se sobe uma montanha precisamos dar tempo ao organismo para aclimatizar, deixando o sangue mais rico em oxigênio e aumentando a resistência ao ar rarefeito.
IMPORTANTE: No topo do Kilimanjaro respiramos apenas 50% do oxigênio que teríamos ao nível do mar, arriscando ter náuseas, tonturas e fraqueza, e problemas mais sérios. Por isso, a aclimatização era importante para nossa estratégia, e todos ficamos bem. Em todo caso os guias nos davam dicas constantemente e controlavam o nosso progresso, e a Berg providenciou um seguro que inclui regaste de helicóptero até Nairóbi para tratamentos extremos (não, ninguém passeou de helicóptero!).

No cume do Kilimanjaro – pico Uhuru!
Como foi a subida ao Kilimanjaro
Após 9 dias atravessando cânions, desertos, barrancos e encostas, alcançamos o cume, que foi um momento emocionante… fotos e abraços, a equipe de apoio cantando para celebrar… inesquecível! Escalamos uma encosta até a cratera abaixo, acampando perto das geleiras. Foi uma noite fria (-20C, ainda mais porque sentimos mais frio em altas altitudes) mas estávamos bem equipados e aclimatizados (graças à equipe da expedição, que foi fantástica em todos os detalhes!). Na manhã seguinte começamos a descida. O engraçado é que, após toda a cautela subindo, o caminho de descida parecia cada vez mais fácil a medida que o ar ficava mais “rico” e nos sentíamos cada vez mais fortes!

Explorando as geleiras no interior da cratera do vulcão Kibo.

Lar doce lar: dormindo a 19,300 pés de altitude.
A celebração final também foi perfeita: cerveja gelada, um almoço “africano” e o retorno a hotel nos Land Rovers da Berg!

Retornando do parque nacional do Kilimanjaro para a vila de Arusha e a recompensa após a aventura – precisa legenda?!?!
“Asante Sana!” (Muito obrigado!)
Leia mais:
• Berg Adventures International
• Monte Kilimanjaro – Wikipedia:
• Livro sobre o Kilimanjaro: A Photographic Journey to the Roof of Africa – Amazon
3 comentários
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[…] como um desafio técnico a ser vencido. Para mim, compartilhar uma refeição com pastores Maasai na Tanzania ou escalar com o guias locais no Cáucaso Russo e conhecer suas estórias são tão importantes […]
[…] e mal sabia eu que ao final dessa viagem estaria apaixonado pelo montanhismo, prosseguindo para o Kilimanjaro na Tanzânia em 2012 e o Elbrus na Rússia em […]
[…] Subindo o Monte Kilimanjaro […]